06/10/2011

A VIDA EM CRISTO


Com certeza, nunca antes na história se conheceram tantos métodos de crescimento de igrejas ou técnicas de desenvolvimento pessoal. Nunca houve tanto material disponível nos “ensinando” a evangelizar, liderar, expulsar demônios, cuidar das finanças, orar, adorar, etc. A igreja nunca foi tão pedagógica, ou “teorológica” quanto tem sido nos últimos anos.
Confesso que, como pedagogo e teólogo de carteirinha (e Diploma) já tive meu momento “professor da vida com Cristo”. Já passei dias e dias planejando programas, desenvolvendo sistemas, montando apostilas, organizando palestras e seminários com o genuíno intuito de ajudar as pessoas a descobrirem “o caminho da vida em Jesus”. Não descarto totalmente a importância destas experiências, mas na medida em que amadureço (para não dizer envelheço rsrsrs) tenho percebido o quanto, muitas vezes, nossa tentativa de vivermos uma vida Cristã tem se transformado quase que meramente num grande currículo didático-cultural, e nosso cristianismo em uma infindável jornada acadêmica vivida numa sala de aula repleta de informações e teorias.
Enquanto pensarmos na vida em Cristo como um conhecimento a se adquirir, em vez de vivermos n’Ele, cometeremos todo tipo de bobagens na busca de uma metodologia infalível. Continuamente nos encheremos de entusiasmo e expectativas a cada nova ideia, visão, sistema, novidade, modismo, etc., mas com o passar de algum tempo, mais uma vez nos frustraremos ao perceber que nada disso pôde realmente reproduzir a verdadeira vida em nós.
Penso que o grande problema da igreja em nossos dias não é o quanto ela fala ou sabe, mas sim, o quanto ela vive acerca da vontade de Deus.
Estudiosos educadores como Piaget e Freire, por exemplo, concordam que o indivíduo aprende, ensina, influencia e é influenciado pelo meio onde vive na medida que interage com este. Em nossa natureza somos dotados da capacidade de aprender por aquilo que vemos e experimentamos. A maioria de nós não precisa frequentar escolas ou cursos especiais para aprender a andar ou falar. Nossos filhos, por exemplo, aprendem a usar o garfo naturalmente. Quando atingem determinada idade, nós simplesmente colocamos o garfo em suas mãos, cuidando para que não se machuquem. Nós os ajudamos a levar a comida à boca e, quando se sentem mais seguros, deixamos que façam isso sozinhos.
Creio que abraçar a vida de Jesus tem mais a ver com ensinar a usar o garfo ou andar de bicicleta do que com frequentar reuniões e cursos diversos. As pessoas aprenderão a verdade na medida que à experimentarem na prática e, e enquanto continuarmos a ver a vida da igreja exclusivamente como uma série interminável de reuniões, esquemas e discussões, sentiremos falta da profundidade que a experiência prática traz.
A verdade é que as escrituras nos contam muito pouco sobre como se reuniam os primeiros cristãos, no entanto, nos falam bastante sobre como eles partilhavam suas vidas. Eles não viam a igreja como uma instituição ou como um lugar a se frequentar, mas sim como uma família que se reunia em qualquer número, em qualquer lugar, e cuja finalidade era viver em intimidade entre si, e com o Pai.
Uma realidade que parece inegável é que cada vez que as pessoas vêem uma manifestação de Deus, alguém logo pensa em construir um prédio, estabelecer uma liderança, nomear uma diretoria ou dar início a algum movimento ou “nova visão”. Foi assim com Pedro na transfiguração (Marcos 9). Quando não sabia o que fazer, ele propôs a construção de tendas.
Embora nem todo mundo pareça concordar, a realidade bíblica é que o trabalho de edificar a igreja é de Deus, não nosso, pois o Senhor disse; Eu edificarei a minha igreja…!!!

3 comentários:

Luiz Amaro disse...

Meu irmao, eu moro na China e ao ler sua reflexao me alegrei muito, pois, concordo muito com voce, cada vez que vou ao Brasil constato que os evangelicos estao cada vez mais eventuosos e teoroticos, que pena, que a medida que cresce o numero de agregados por la, os lideres sentem consegas para institucionalite, doenca que esta destruindo a vida simples da comunidade crista, onde deveriamos ser apenas um sinal de Deus dentro da historia,numa relacao de amor e cuidado fraterno, valeu, aqui na China se cultiva ainda o singelo convivio e se a pratica da comunhao dos seguidores de Cristo.
Luiz Amaro - Xangai - China

Luiz Amaro disse...
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Cobax disse...

Como é libertador entender e viver o evangelho assim, na simplicidade e na comunhão com os irmãos como de uma verdadeira familia. ótimo post Deus abençe vcs.