09/03/2011

Não sou evangélico ... (?!)

“Cruz credo, misericórdia, tá amarrado, sai de reto”. Estas são mais ou menos o tipo de expressões que ouvi há algum tempo acerca da declaração de um pastor ao dizer que não era mais “evangélico”. Sem dúvida, um escândalo para os defensores do puritanismo religioso que não se permite engolir pequenos mosquitos (mas, camelo pode…, risos). Especialmente em dias de propagandas (aliás, a propaganda é a alma do negócio! rsrsrsrs) e auto-exaltações tão escandalosas. Em dias dias nos quais, a etiqueta é mais importante do que as vestes e o rótulo mais importante que o produto, é bem difícil se manter íntegro e fiel a algo tão “simples”, tão sem adereços, tão sem “glamour” quanto o evangelho BÍBLICO.

Como não sou advogado de ninguém, não pretendo sequer mencionar o nome do pastor em questão. No entanto, gostaria de dizer que o compreendo perfeitamente bem. Parto de um princípio bastante elementar; “se torço para determinado time, mas a maior parte de sua torcida se comporta de maneira violenta e desordeira, ou seja, se esta é a imagem associada àqueles que torcem para este time, e, se para ser ´reconhecido´ como torcedor preciso também ter um comportamento semelhante aos demais, então, por favor ME INCLUAM FORA DESSA!” Posso continuar gostando e torcendo pelo meu time sem que tenha que empunhar bandeiras ou sair alardeando aos quatro cantos. Posso até ser mal-visto, rejeitado, discriminado, atacado, incompreendido pelos outros torcedores, mas não vou ceder ao apelo de um comportamento irracional, que é totalmente contrário à propria proposta do esporte.

Penso que para entendermos melhor esta declaração do irmão acima citado, primeiramente temos que entender (à luz da bíblia) o que afinal significa “Ser Evangélico”.

Com a difusão do evangelho no mundo todo, ao longo do tempo cada vez mais tem se estabelecido uma cultura evangélica particular, uma espécie de “sociedade alternativa” dentro da sociedade secular. O povo evangélico como o conhecemos, em geral, possui um comportamento peculiar, um jeito próprio de falar, e termos como: “só na benção; “tô no óleo”; “tá amarrado”; “tomo posse”, “eu determino”, etc., são exemplos típicos disso. Além do vocabulário próprio, existe ainda o modo de vestir, a chamada moda evangélica, os “points” e “baladas” gospel, etc. Ainda que nenhuma dessas coisas seja necessariamente errada, me parece que cada vez mais o significado de ser evangélico está associado a um comportamento externo, do que a uma atitude do coração. Existe hoje uma certa banalização do termo evangélico, e até mesmo um certo modismo em “virar evangélico”. Para muitos basta frequentar uma igreja ou fazer parte de um grupo de evangélicos, e adotar seu padrão evangelical de comportamento externo e pronto, agora sou salvo! Parece que as pessoas têm buscado mais um evangelho de aparência do que de essência, mais de auto-exaltação do que de humilhação, mais de emoção do que de transformação.

Mas, se ser evangélico não é nada disso, o que significa ser evangélico afinal?

Evangélico: conforme manda o evangelho; que segue a lei de Cristo – Priberiam Dicionário da Língua Portuguesa, Versão Online.
Segundo esta definição, é evangélico de fato aquele que busca de todas as formas viver de acordo com a palavra de Deus - o evangelho -, e seguir fielmente os ensinamentos e mandamentos de Jesus. Sendo assim, vejamos algumas características imprescindíveis do “Ser Evangélico”:

- Humildade: Tg. 4:7-10 - “…humilhai-vos…”.

- Perdão: Col. 3:13 – “Perdoai-vos mutuamente…”.

A circuncisão era (e ainda é para os judeus) o selo, a manifestação visível da aliança com Deus (Gn. 17:10), e por isso muitos judeus se julgavam salvos e mais especiais do que os outros (incircuncisos). O selo da nossa aliança (a nossa circuncisão) é Cristo. Assim como Paulo adverte os romanos (Rm. 2:23-29) de que não basta apenas um sinal externo para garantir que alguém seja judeu (filho de Deus), também não bastam apenas sinais externos para dizermos que somos realmente evangélicos.

Portanto, se não é judeu aquele que o é somente na aparência, também não é verdadeiramente Cristão aquele que não busca ser um imitador de Cristo e viver de acordo com o evangelho.

Na verdade, há muitos que não são “rotulados” como evangélicos mas vivem, por natureza, mais a palavra de Deus do que muitos de nós (Rm. 2:13-15).

Concluo reafirmando que concordo com o pastor mencionado no início deste artigo, pois; “Se ser evangélico implica em condenar os mentirosos e continuar mentindo; julgar os adúlteros e cometer adultério; ter uma aparência espiritual mas, pensamentos e atitudes totalmente carnais (imoralidade sexual; impureza; libertinagem; ódio; discórdia; ciúmes; ira; egoísmo dissenções; inveja; embriaguez, etc., etc., etc.- Gl. 5:19); melhor então seria não sermos chamados evangélicos. Assim, ao menos, a imagem do evangelho não seria “arranhada” pelo nosso comportamento bizarro.

Tenho certeza de que não preciso (nem no céu, nem perante a sociedade que não conhece à Deus) de títulos, crachás, ou carteirinhas de membro para ser identificado como um verdadeiro seguidor de Jesus que se esforça em viver de acordo com evangelho que Ele próprio ensinou.

Certamente as pessoas precisam muito mais da essência de Cristo em nós do que de uma mera aparência oca e sem vida. Mesmo sem aparência de filho de Deus (Ele não tinha qualquer beleza ou majestade que nos atraísse, nada havia em sua aparência para que o desejássemos – Is. 53:2), Jesus disse: “quem me vê, vê aquele que me enviou” – Jo. 12:45.


C. R ZAGO

4 comentários:

Unknown disse...

Concordo plenamente!
Saudades de vocês!
Um grande abraço. Murillo - Portugal

Cobax disse...

Só quero dizer uma coisa... Não sou mais evangélico. isso brother.. muito massa o post.

sandra disse...

Eh infelizmente hoje em dia em algumas situacoes nao eh motivo de honra ser chamado ou rotulado "Evangelico", acho mto bom divulgar e nao aceitr esse rotulo, afinal nao se pode discriminar nao??!!!! :)

Paula disse...

É infelizmente, eu mesmo tenho sentido vergonha ao me declarar evangélica muitas vezes, por q o q temos visto nesse meio é vergonhoso demais , pessoas vendendo a "Palavra" e usando-se dela para seu próprio beneficio e ao mesmo tempo para julgar o erro do outro, com isso escondem os seus !