05/09/2011

VIVENDO EM COMUNIDADE

A palavra Comunidade, relacionada à igreja, é um termo que se popularizou principalmente à partir da década de 80, e traz consigo a ideia de se ter tudo em comum.
No genuíno esforço para se ter tudo em comum, ou simplesmente tornar as coisas mais uniformes, com o passar do tempo desenvolveram-se métodos cada vez mais criativos e complexos de treinamento, discipulado, ensino, etc. Nada necessariamente de errado com os novos métodos, ou visões (como costumam ser chamados), a não ser pelo fato de eles tentarem padronizar as pessoas para que assim se tenha a impressão da vida em comunidade. Com isso, criou-se a mentalidade de que, na medida que nos tornamos “iguais” podemos experimentar a verdadeira vida em comum.
Eu, particularmente, amo a ideia de sermos diferentes uns dos outros, e creio que para se ter tudo em comum não é necessário ficar constantemente tentando mudar as pessoas no intuito de criarmos uma aparência de comunhão, o que realmente precisamos é aprender a viver na liberdade de Deus, respeitando nossas diferenças, e enquanto alguns não estiverem buscando a mesma coisa, eles não entenderão, mas ainda assim poderemos viver em profunda comunhão. Não precisamos tentar impor a presença de Deus aos outros, mas sim, simplesmente nos alegrar com essa presença e nos permitirmos ser transformados por ela. Não podemos complicar ainda mais as coisas para as pessoas, a vida já é bastante complicada por si mesma.
A verdadeira vida em comunidade não se baseia em obrigações, imposições ou responsabilidades. O fundamento dessa vida é o amor (paciência, justiça, bondade, etc.). Estamos aqui para estimularmos uns aos outros na jornada, sem querer adaptar as pessoas ao padrão que achamos melhor para elas. Precisamos confiar que o Senhor lhes revelará a verdade no momento que achar melhor, e quando o fizer, isso acontecerá de dentro para fora, transformando profunda, verdadeira e definitivamente as vidas, não simplesmente na aparência ou apenas por algum tempo. Algo importante que precisamos aprender porém, é que todo este processo de transformação não diz respeito a nós, e sim ao Senhor.
Um dos problemas das instituições é que elas sempre se propõem a oferecer algo mais “importante” do que simplesmente amar uns aos outros da mesma forma que Deus nos ama. Quando se estabelece uma instituição é preciso gastar muita energia, dinheiro, tempo, etc., para mantê-la, protegê-la e “fazê-la crescer”. E com isso, até mesmo o “amor” acaba sendo redefinido como aquilo que protege ou traz algum tipo de benefício à instituição, e “desamor”, como qualquer coisa que a prejudique.
Outro grande problema da instituição religiosa é que ela se transformou numa grande reunião de necessidades individuais. Quase todo mundo precisa de alguma coisa dela. Alguns precisam liderar, outros precisam ser liderados; há quem deseje ensinar, outros se contentam em ser ensinados pela vida toda, enquanto outros tantos têm a necessidade de colocar suas habilidades à mostra afim de serem reconhecidos. E assim, em vez de se tornar uma manifestação autêntica da vida e do amor de Deus no mundo, a igreja acaba se tornando um grupo de pessoas que precisam defender seu próprio território e interesses, gerando com isso, ciúmes, competições e intrigas. Infelizmente, não é a vida de Deus que está fluindo, mas sim a busca do suprimento das necessidades de cada um. A consequência invariável deste estilo de vida é que ele sempre conduz a sérios problemas nos relacionamentos na medida em que todos estão, de alguma forma consciente ou “inconsciente”, buscando apenas seus próprios interesses.
A ideia que a igreja está contida apenas na instituição e só consegue viver por intermédio dela cria em nós uma dependência doentia e a falsa impressão de que fora dela (da instituição), Deus não pode se manifestar em nós e através de nós. Ficamos vinculados à ideia de que só conseguiremos viver uma vida santa de intimidade com o Pai se a instituição chamada igreja intermediar este relacionamento. Este pensamento nos aprisiona, produzindo medo até mesmo de refutarmos práticas errôneas e heréticas por parte da igreja.
Quando temos muito medo de ficar totalmente desamparados sem a instituição, a noção de certo e errado desaparece e a única coisa que passa a nos preocupar é nossa própria sobrevivência. Quando construímos a vida toda baseada nas necessidades ficamos cegados para a verdadeira obra de Deus por meio de sua igreja. A institucionalização gera amizades baseadas em tarefas. Enquanto partilhamos as mesmas tarefas podemos ser amigos, quando não, as pessoas tendem a tratar as outras como mera mercadoria estragada.
Até descobrirmos como confiar totalmente em Deus para tudo na vida tentaremos controlar constantemente os outros para obtermos coisas que pensamos que necessitamos. Certamente uma das lições mais difíceis de ser aprendida é desistir da ilusão de controlar a própria vida ou de ser capaz de manipular Deus para que ele nos abençõe.

3 comentários:

Transformados de Glória em Glória disse...

mto bom o estudo

Leila Pinheiro disse...

Uma forma bem clara de entendermos que podemos servir a Deus livremente, pois ele morreu para nos libertar, e muitas vezes ficamos presos a uma determinada "placa" esquecemos o verdadeiro sentido da palavra liberdade em Cristo.

Paula disse...

eu creio nisso , e sou muito grata a Deus por ter nos feitos diferentes e diferentemente nos usar, para q não façamos todos as mesmas coisas e sim cada um o q foi chamado a fazer!Dessa forma agiremos com espontaniedade, e seguros nas nossas ações !
muito bom Zago