17/02/2011

EBAAAA, “NÓIS SEMOS ESPIRITUAL”



O QUE É A ESPIRITUALIDADE


          Frenesi, gritaria, arrepios, “línguas estranhas” (beeeeeem estranhas), rodopios, quedas espetaculares, e ao final, o orgulho de se sentir “ESPIRITUAL”, e o ar de reprovação para com aqueles que não entraram no “mover”. Bem sei que Deus é soberano e que certamente Seus caminhos, estratégias e meios são prerrogativas exclusivamente Suas, e que, portanto, Ele (somente Ele) pode fazer tudo da maneira que bem entender, não cabendo à nós, simples mortais, determinarmos coisa alguma. No entanto, o que me faz perder (ou arrancar) alguns dos poucos cabelos que me restam é o fato de ver o quanto o tipo de manifestações como as descritas no início deste parágrafo são vistas como sinônimo de espiritualidade. Ou seja, quanto mais barulho alguém conseguir fazer em uma reunião de culto (sim, porque isto só acontece nos cultos, quando a plateia é maior), mais “espiritual” ela é considerada.
          Um dia, conversando com amigo que é atleta (e cético), ele me dizia de sua indignação em relação aos “profetas televisivos” e seus shows da fé em rede nacional, e não apenas nacional, mas também Internacional, Mundial e até Universal (agora só falta atingir outras galáxias). Dentre as várias coisas que ouvi, uma me chamou especialmente a atenção. Ele disse algo mais ou menos assim: “Eu não acredito nesses que se dizem profetas hoje em dia. Pois, se eles fossem realmente enviados de Deus não ficariam profetizando apenas em suas “igrejas”, mas sairiam às ruas anunciando o evangelho do arrependimento. Entrariam nos templos onde se ensinam mentiras, e as confrontariam com a verdade da Bíblia”. Me fez lembrar dos profetas do passado que iam de cidade em cidade anunciando, conforme Deus os enviava, uma mensagem que instigava todos (crentes e não crentes) à mudanças. Sob o enorme risco de serem, no mínimo espancados e expulsos, estes homens de Deus não se intimidavam ante às falsas doutrinas ensinadas na época.
          O texto a seguir foi extraído do livro do meu amigo Dr. José Carlos Pezini e do Pr. Luís Alexandre Ribeiro Branco chamado Caminho para a Espiritualidade, e nos dá uma noção mais precisa do que é realmente espiritualidade que agrada à Deus.    
          Vivemos num tempo de muita confusão no meio da igreja. Um enorme número de pessoas têm transformado seus encontros com Deus em meros eventos festivos, onde se encontram com os amigos, ouvem música e aliviam o estresse. O culto se torna assim, apenas mais um ajuntamento de pessoas.
          O tempo com Deus foi substituído por períodos em que o eu expressa desejos e quase “obriga” Deus a suprir necessidades. E, se Deus se recusa a abençoar, então já não há mais razão para continuar adorando. O cristianismo virou sinônimo de “prosperidade”.
          A espiritualidade vivida por muitas igrejas hoje em dia não desafia o povo a imitar a Cristo, obedecer Seus ensinamentos, e muito menos provoca mudanças.

Diante deste quadro devemos nos perguntar: PARA QUE SERVE A ESPIRITUALIDADE AFINAL?

1. A espiritualidade deve nos conduzir a um relacionamento íntimo e constante com a pessoa de Jesus.
Sl. 25:14 = “A intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais dará a conhecer a sua aliança”.

A espiritualidade – ou religiosidade – perde o que tem de especial quando é vivida apenas de maneira exterior. Jesus confronta esta imagem de espiritualidade dos Fariseus ao dizer: “Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.” (Mt. 15:8). A espiritualidade ritualística e aparente dos Fariseus não trazia nenhuma intimidade com o Senhor, ao contrário, os afastava d’Ele.

2. A espiritualidade deve nos permitir encontrar Deus onde Ele realmente está.
Jo. 14:17 = “o Espírito da verdade…habita convosco e estará no meio de vós.”

Muitas pessoas, apesar de procurar exaustivamente, não conseguem perceber a presença de Deus simplesmente porque estão procurando no lugar errado. Eles estão sempre correndo de um lado a outro atrás de um lugar onde imaginam que Deus esteja (uma reunião abençoada, uma campanha especial, um pregador famoso, uma vigília poderosa, etc.).
A verdade é que quem não consegue encontrar Deus em si mesmo, não O encontrará em lugar nenhum.

3. Nossa espiritualidade de ser voltada para Deus.
Fl. 2:6 = “Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus”.
O que o texto quer dizer é que mesmo sendo Deus, Jesus não usou de sua divindade para impressionar ou buscar reconhecimento para si. Ao contrário, “a si mesmo se esvaziou” (Fl. 2:7).
Quando descobrimos quem realmente somos em Cristo, não precisamos chamar a atenção das pessoas para nós mesmos. Afinal: “Porque d’Ele e por Ele, para Ele são todas as coisas”. Rm. 11:36.


By C. R. ZAGO

Referências: PEZINI, J. C. & BRANCO, Luis A. R. Caminho para a Espiritualidade. Ed. Scortecci, São Paulo (2009).

Um comentário:

Unknown disse...

Hoje em dia, temos visto um "evangelho da china" que é barato mais estraga rápido, e não se encontra peça para a manutenção... A espiritualidade é algo exocorporal... aliás a "espiritualidade" que deveria ser vista como "espiritual" "idade" se torna cada vez mais infantil. O mesmo leite, é pregado dentro da mesma mamadeira gospel... A questão é que nenhuma criança cresce tomando somente leite...
O que me parece é que não é interessante que os fiéis cresçam, e infelizmente esse são os efeitos do pecado no mundo... Parabéns pelo ponto de vista e pelo blog, Dr e meu pastor Zago.



Nick, July e Guga.